terça-feira, 8 de maio de 2012

VASELINA NA VEIA CAUSA MORTE



09/12/2010
Promotoria instaura inquérito para investigar troca de soro por vaselina em hospital de SP


JULIANNA GRANJEIA
DE SÃO PAULO

O Ministério Público instaurou nesta quinta-feira um inquérito civil para investigar as condições dos profissionais e a forma de armazenamento dos medicamentos no Hospital São Luiz Gonzaga, no Jaçanã, zona norte de São Paulo. Na madrugada de sábado (4), Stephanie dos Santos Teixeira, 12, morreu após receber uma dose de vaselina na veia em vez de soro.

Auxiliar de enfermagem admite ter injetado vaselina em menina e é indiciada
Hospital mostra embalagens à polícia

Stephanie havia dado entrada no hospital na sexta (3) com dores abdominais, diarreia e vômito. A Santa Casa abriu sindicância para investigar o caso e afastou a equipe que atendeu Stephanie.

A auxiliar de enfermagem de 26 anos que atendeu Stephanie prestou depoimento na quarta-feira (8), no 73º Distrito Policial (Jaçanã), e admitiu que trocou os frascos na hora da aplicação. A profissional foi indiciada por homicídio culposo.

A promotora de Direitos Humanos da área de saúde pública, Ana Lúcia Menezes Vieira, --que baixou a portaria hoje para instauração do inquérito-- afirmou que irá ouvir funcionários e fazer uma vistoria no hospital.

"Vamos apurar as condições de atendimento do hospital, as condições dos técnicos, enfermeiros e médicos do hospital, bem como a forma de acondicionamento dos produtos, que pareciam que estavam em embalagens semelhantes, tanto o soro como a vaselina. Quem são os responsáveis pelo envasamento da medicação, quais são as regras para o acondicionamento e se estavam em local apropriado".

O Coren-SP (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo) e o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado São Paulo) vão participar da investigação, segundo a promotora.
Rubens Cavallari-6.dez.10/Folhapress
Frascos usados para armazenar vaselina líquida (dir.) e soro hidratante apresentados pelo hospital São Luís Gonzaga, onde Stephanie Teixeira, 12, foi atendida
Frascos com soro hidratante (esq.) e vaselina líquida apresentados pelo hospital São Luís Gonzaga, de SP

DEPOIMENTO


A Polícia Civil já ouviu oito pessoas envolvidas no caso. Segundo o delegado Antônio Carlos Corsi, responsável pelo inquérito, ainda restam quatro depoimentos. O inquérito policial deve ser concluído até sexta-feira (10), de acordo com o delegado.

Muito abalada e chorando, a auxiliar explicou ao delegado que, no momento de aplicar a medicação em Stephanie, pegou dois frascos, um em cada mão. "Em um dos frascos ela leu hidratação e, no outro, ela disse ter visto hidratação, mas era vaselina. É um erro, aconteceu, não foi vontade dela, mas é imperdoável, que não pode acontecer no caso de um enfermeiro", afirmou o delegado.

O advogado da auxiliar, Roberto Vasconcelos da Gama, afirmou que sua cliente foi induzida ao erro. "O recipiente preparado pela Santa Casa [mantenedora do hospital] não dispunha de elementos esclarecedores que desse a ela condições de saber que se tratava de vaselina líquida".

De acordo com o advogado, o setor onde estava a vaselina era apenas para soro fisiológico e glicosado --que teria a densidade mais parecida com a da vaselina. "Não era de conhecimento dela de que, naquele lugar, haveria vaselina --que nem intravenosa é-- no recipiente igual e com a mesma diagramação do soro", afirmou Gama.

Sobre o argumento de que a vaselina não poderia estar guardada junto com o soro, o delegado afirmou que ainda vai apurar a informação. "Segundo informações que recebemos da Santa Casa, disseram que isso nunca ocorreu e que a medicação é usada dessa forma há muito tempo. Vamos apurar se o hospital também tem responsabilidade", afirmou Gama.

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08/12/2010
Auxiliar de enfermagem admite ter injetado vaselina em menina e é indiciada em SP

JULIANNA GRANJEIA
DE SÃO PAULO

A auxiliar de enfermagem de 26 anos que atendeu Stephanie dos Santos Teixeira, 12 na última sexta-feira no hospital São Luiz Gonzaga, no Jaçanã (zona norte de São Paulo), admitiu, em depoimento à polícia nesta quarta-feira, que aplicou vaselina em vez de soro na veia da menina. Ela foi indiciada sob suspeita de homicídio culposo (sem intenção de matar).

Hospital mostra embalagens à polícia

Stephanie foi internada com dores abdominais, diarreia e vômito, e morreu na madrugada de sábado (4), após receber a dose de vaselina.

O advogado da auxiliar, Roberto Vasconcelos da Gama, afirmou que sua cliente foi induzida ao erro. "O recipiente preparado pela Santa Casa [mantenedora do hospital] não dispunha de elementos esclarecedores que desse a ela condições de saber que se tratava de vaselina líquida".

De acordo com o advogado, o setor onde estava a vaselina era apenas para soro fisiológico e glicosado --que teria a densidade mais parecida com a da vaselina. "Não era de conhecimento dela de que, naquele lugar, haveria vaselina --que nem intravenosa é-- no recipiente igual e com a mesma diagramação do soro", afirmou Gama.

O defensor da auxiliar também disse que a vaselina foi usada no pronto-socorro infantil --onde a auxiliar atua-- para o atendimento de uma criança queimada e lamentou a morte da criança. "[O erro] Não pode acontecer, é lamentável, mas aconteceu porque se trata de ser humano. Foi erro também de quem não pensou na política correta de acondicionar aquilo", disse Gama.

Segundo o advogado, a auxiliar é formada há dois anos e trabalha há um ano e meio no hospital.

O delegado Antônio Carlos Corsi, do 73º Distrito Policial (Jaçanã), --responsável pelo inquérito-- afirmou que a auxiliar está "muito traumatizada" e chorou durante o depoimento. "Ela disse que a maior pena que alguém vai responder será dela porque foi um procedimento dela que causou um homicídio", disse Corsi.

A auxiliar explicou ao delegado que pegou dois frascos, um em cada mão. "Em um dos frascos ela leu hidratação e, no outro, ela disse ter visto hidratação, mas era vaselina. É um erro, aconteceu, não foi vontade dela, mas é imperdoável, que não pode acontecer no caso de um enfermeiro", afirmou o delegado.
Rubens Cavallari-6.dez.10/Folhapress
Frascos usados para armazenar vaselina líquida (dir.) e soro hidratante apresentados pelo hospital São Luís Gonzaga, onde Stephanie Teixeira, 12, foi atendida
Frascos com soro hidratante (esq.) e vaselina líquida apresentados pelo hospital São Luís Gonzaga, de SP

Sobre o argumento de que a vaselina não poderia estar guardada junto com o soro, o delegado afirmou que ainda vai apurar a informação. "Segundo informações que recebemos da Santa Casa, disseram que isso nunca ocorreu e que a medicação é usada dessa forma há muito tempo. Vamos apurar se o hospital também tem responsabilidade", afirmou Gama.

O delegado afirmou que oito pessoas já foram ouvidas e ainda restam mais quatro. Hoje, além da auxiliar, dois médicos que atenderam Stephanie prestaram depoimento. Eles deixaram a delegacia sem falar com a imprensa.

O inquérito deve ser concluído até sexta-feira (10). A profissional pode pegar de um a três anos de detenção.

A Santa Casa abriu sindicância para investigar o caso e afastou a equipe que atendeu Stephanie. A assessoria do hospital não foi encontrada hoje para comentar o depoimento da auxiliar.

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